domingo, dezembro 17, 2006

muito importante, numa caixa de comentários perto de si...

Na caixa de comentários de um post de Pedro Arroja, alguém que assina como “anti-comuna” (é pena que quem pensa e escreve tão bem se esconda atrás de um nickname)

“…nas sociedades democráticas de hoje, o respeito pela esfera privada está a desaparecer. Ou seja, a dita classe média, fortemente moralista, hipócrita e suspirando por segurança, admite e apoia um Estado cada vez mais omnipresente na esfera privada e alheia. Ou seja, é um comunismo mais soft mas mais tenebroso e preocupante. Baseia-se nas aspirações de uma maioria contra as restantes minorias. Legitimado pelo voto popular. (Fazendo lembrar a República Romana de outros tempos, mas de um modo mais moderno e sofisticado.)

Querem exemplos do Portugal de hoje? O fim do sagrado princípio da reserva de confidencialidade entre o mero advogado e o seu cliente. Quando o Estado se arroga no direito de exigir que o causídico perca a legítima salvaguarda dos direitos de um cidadão, cliente deste causídico, temos a maior perversão de sempre, na história recente humana…

Mas há mais. Como é possível que se admita que o Estado imponha um microchip implantado numa viatura particular? Que se saiba foi aprovado um projecto-lei em que se impõe a implantação de um microchip na viatura de cada um de nós, para o Estado nos controlar os movimentos.Depois temos a nova leia da imprensa ou comunicação social que aprova a introdução da censura. Mas a censura legitimada através do voto popular.

Sem falar na perda dos direitos do cidadão contra o Estado, em caso de litígio contra este. Isto é simplesmente voltar ao velho totalitarismo. Relembro o seguinte. A PIDE tinha mesmo como nome a salvaguarda do Estado, este sendo confundido com a Nação ou modernamente entendida como Sociedade. Hoje acontece o mesmo, temos o Estado com cada vez mais poder contra o cidadão, em nome da defesa do próprio Estado.

Ou seja, com a queda das ditaduras ocidentais, em especial o comunismo, o nazismo e ditaduras várias, como a de Franco, Pinochet ou Salazar, o mundo ocidental, vendo como seu inimigo o islamismo religioso, começa a adoptar políticas que antes só as ditaduras tomavam. E algumas nem foram tão longe como as medidas que este desgoverno, por exemplo, tomou.

O que se passa é que com o 11 de Setembro e as réplicas que se seguiram, em nome do combate ao terrorismo, por um lado, e em nome do combate à alta criminalidade e evasão fiscal por outro, o Estado está cada vez mais forte e o cidadão cada vez mais desprotegido contra os poderes tentaculares deste. Poucos liberais estão a compreender estas mutações nas ditas sociedades livres. Desde Portugal até à velhinha Inglaterra, até ao caso mais paradigmático, o americano.

E como se legitima este novo poder político autoritário? Sustenta-se no elevado número de cidadãos dependentes do Estado. Desde o mero funcionário público até ao simples pensionista. Os votos destes e dos seus familiares são garantia para os detentores do poder do Estado. Que sob chantagem económica, emocional, psicológica (ver como o terrorismo é usado para cortar nas liberdades civis) e social, o Estado é cada vez mais senhor e dono das nossas vidas. É o esclavagismo moderno ocidental. Os tontinhos das oligarquias islâmicas têm os seus tribunais religiosos, nós temos o Estado, os seus senhores e os seus capatazes, quem em nome de utopias sociais, aceitam e até incentivam o fim da Liberdade individual e colectiva.

É certo que aqueles que descobrem o Liberalismo através da teoria económica muitas vezes perdem-se e perdidos nem sabem por onde legitimar o seu discurso contra o Estado. Agarram-se demasiado à defesa do capitalismo, confundindo-o com o Liberalismo. Quando o que importava era voltar ao velho Liberalismo, da luta contra o obscurantismo, da luta pelos básicos e fundamentais direitos do cidadão livre, contra o despotismo, contra as oligarquias, contra as tiranias, contras os "velhos senhores", agora com outras roupagens.…"

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