quinta-feira, fevereiro 08, 2007

hoje, retrato de um país (sem) Norte


Hoje, "o Norte" rumou à Alfândega, onde decorria o "seminário dos milhões", promovido pela CCDR-N. Lá estava o "Norte todo” e, mais do que isso, lá estava "todo um país", o "velho" e o "novo", o "estatista" e o "empreendedor", o "calimero" e o "aventureiro".

Gente da universidade e das empresas para quem vem ai mais do mesmo, dinheiro a que pensam (e alguns sabem) conseguir "meter a mão", outros que, mais do que dinheiro, procuram lá encontrar uma réstia de "importância" auto-atribuída, num triste exercício de pobre existência, e muitos outros que continuam, dia a dia, a trabalhar para melhorar a sua vida e a vida dos seus, e cujo somatório vai fazendo deste Norte, e deste país, uma permanente esperança.
Muitos, uns cinicamente outros genuinamente, continuam a acreditar na força do voluntarismo, na ingénua ideia de que agora é que vai ser, agora que aprendemos com os erros do passado, agora que vamos definir "a estratégia" (sempre a ilusão estratégica, como se o Norte estivesse sem Norte e só a estratégia redentora o salvasse), agora é que vamos reformar, desburocratizar e descentralizar (esta foi piada, pois ninguém acredita) e, finalmente, é agora que vamos encontrar "o nosso querido líder", o que nos vai guiar para os amanhãs que cantam.

Quando é que chega o dia (já sei, nunca!) em que percebemos que a solução, se é que existe, está em libertar a economia, e as suas forças positivas, do espartilho do estado, e que nesse dia empresas, universidades, autarquias, etc, levarão a cabo os seus projectos em ambiente de liberdade concorrencial e aí, sem "estratégia" definida, o Norte ganha Norte.

Quando é que chega o dia (já sei, nunca!) em que percebemos que não é pela oferta voluntarista, muitas vezes ignorante e arrogante, que não é fazendo "auto-estradas no Douro que ninguém que lá vive pediu, destruindo o que é, por quem lá vive, amado", como muito bem disse Francisco Olazabal, Enólogo e Empresário, mas sim possibilitando o aparecimento de “modelos” suportados na procura, que o Norte ganha Norte.

Mas como nem tudo é mau, e se na parte da manhã o tédio imperava, no início da tarde valeu a pena a ida à Alfândega, mais não fosse para ouvir Mário Rui Silva (Faculdade de Economia da UP), Joaquim Azevedo (Presidente do Centro Regional do Porto da UCP), Marques dos Santos (Reitor da Universidade do Porto), Rui Reis (Universidade do Minho), Francisco Olazabal (Enólogo e Empresário) e Luís Portela (Presidente da BIAL, moderados por Artur Santos Silva (Presidente do Conselho de Administração do BPI) a falar no pomposo, mas útil, painel "Os Grandes Desafios para a Região do Norte".

Não foi por eles que o Norte ganhou Norte, mas sempre se viu algum do Norte com Norte.

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